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História da Alfaiataria

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06/09/2016

A profissão de um alfaiate vem de longe. Definida como uma das mais antigas do mundo, o termo em inglês tailor existe desde 1297. Nessa época a palavra definia a profissão como “cortador de tecidos”. Já a palavra em português vem do árabe alkhayyát

do verbo kháta que significa coser. De uma forma ou de outra, o papel do alfaiate como conhecemos agora surgiu junto com a tão falada Moda.

No começo dos tempos o homem se vestia para cobrir e proteger o corpo. Não preocupava com a estética, e sim com as mudanças climáticas e com o ambiente em que vivia. Chegando o início das sociedades, o tecido que o homem estava vestindo definia o seu status social – os guarda- roupas dos burgueses faziam parte dos bens da família. O tecelão trabalhava juntamente com o fazendeiro e o tecido ia direto para as mãos da dona de casa. Nessa época, as roupas eram feitas dentro de casa mesmo, e só os muito bons de bolso podiam ter suas roupas feitas por outros. Era um luxo para poucos. E foi só depois do Renascimento, com uma preocupação maior em mostrar as formas do corpo, que o homem passou a dar valor tanto ao corte de uma roupa quanto ao tecido usado em sua construção. A partir daí, não era mais qualquer um que conseguiria confeccionar sua própria peça de roupa. Era preciso um estudo maior do corpo humano e mais de uma pessoa envolvida no processo. Foi aí que o papel do alfaiate cresceu nas sociedades – antes sua importância era a mesma que a de um tecelão.

O alfaiate precisava ter conhecimento de todo o processo de criação da roupa – mais ou menos o que esperamos de um estilista nos dias de hoje. Ele sabia quais ovelhas criar para conseguir a lã certa, direcionava o tecelão, sabia o valor que cada tecido tinha e entendia perfeitamente todas as proporções do corpo humano. Além disso, o alfaiate tinha contato direto com seus clientes e acabava fazendo parte de círculos sociais restritos e invejados por outros comerciantes. Acima de tudo, o alfaiate precisava saber ler, o que já o colocava em um patamar acima de outros comerciantes e o trazia mais perto da corte. Com isso, vinham grandes responsabilidades. Nesta época, o trabalho de um alfaiate não permitia erros. Se uma peça saísse errado o alfaiate tinha que pagar multas equivalentes a dez dias de trabalho, e a peça poderia ser confiscada.

Com a ascensão de Luís XIV, o Rei Sol, a França virou o centro da moda. Era lá que tudo acontecia. A corte representava as primeiras passarelas e, assim como o rei, a elite passou a ostentar toda a sua riqueza nas roupas que usavam. Brocados, dourado, bordados e pedrarias tomavam conta das vestimentas. Tudo que se vestia lá era copiado no resto do mundo – menos na Inglaterra. Por motivos políticos, a moda do Rei Sol não pegou tão forte na sociedade britânica. Na verdade, tudo o que eles queriam era exatamente se distinguir da corte britânica. Alguns anos se passaram e a revolução industrial apareceu. A partir daí o foco se voltou para um grupo boêmio londrino que, como em uma forma de rebeldia, havia trocado as perucas brancas pelo cabelo cortado e os brocados e veludos por tons sóbrios de lã. Foi nessa época que surgiram os dândis, trazendo a alfaiataria – terno e gravata – como conhecemos hoje à tona. Foi o ponto de partida para Londres virar referência em alfaiataria e a tão famosa Savile Row , conhecida até hoje por suas legendárias alfaiatarias, virar símbolo da moda britânica.

O homem moderno havia surgido, e o alfaiate virado seu melhor aliado. Os dândis eram o exemplo perfeito de gentleman. Cultos,muito educados e com um bom gosto que impressionava homens e mulheres. O seu ótimo senso estético era sempre motivo de ascensão, pela elegância, e decadência, pelo excesso de gastos, que acabam levando-os ao fundo do poço. Oscar Wilde, Charles Baudelaire e Beau Brummell representaram muito bem o que era ser um dândi e encheram os bolsos dos alfaiates da época. O estilo do clã é lembrado – e imitado – até os dias de hoje.

No Brasil, os primeiros alfaiates chegaram junto com a corte portuguesa e foram passando seus conhecimentos por gerações. A profissão era uma das mais exercidas no pais, representando os comerciantes. A Conjuração Baiana, revolta a favor da proclamação da República e diminuição dos impostos, também ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates. Hoje, a alfaiataria tradicional voltou a ter a exclusividade que tinha quando começou. Poucos homens investem em peças feitas sob medida, mas esses dificilmente voltam à comprar um terno pré fabricado. O sob medida nunca perderá seu charme.

Beau Brummel : O primeiro Dândi

George Bryan, mais conhecido como Beau Brummel, foi o primeiro dândi londrino que se tem registro. Famoso entre as elites tanto pelo seu conhecimento acadêmico quanto por seu estilo pessoal peculiar, Brummel iniciou uma era em que a elegância era definida por cortes certeiros e uma estética mais limpa. As calças entraram em voga e as cores, os brilhos e os saltos – usados pelos homens da época – foram virando passado. Beau foi o responsável pela popularização do tão conhecido “terno e gravata”. O que agora é sinônimo de traje social e comportado, surgiu na moda como uma forma de rebeldia.

A eterna Savile Row

A história da Savile Row vem desde 1785. A rua londrina é até hoje conhecida por suas respeitadas e tradicionais alfaiatarias, mas já passou por sua era de ouro. Nos anos 60, existiam em torno de 100 delas no local. Nesta época, o escritório e estúdios dos Beatles dividiam espaço com os alfaiates da rua. Nos anos 80, o número caiu para 50 e hoje não passam de 20. De qualquer maneira, a rua continua sendo sinônimo da boa alfaiataria, feita à mão com as mesmas técnicas usadas em 1800. Entre seus clientes, a rua recebeu desde Winston Churchill até Sean Connery.

O que você precisa saber antes de ir ao alfaiate

Fazer um terno de qualidade leva tempo. A média estimada para se fazer um costume é de 40 horas, mas separe no mínimo quatro semanas para provas e ajustes.

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Saiba bem o que você quer e não deixe toda a responsabilidade para o alfaiate. Estude o seu corpo e as modelagens que caem melhor em você para poder explicar exatamente o tipo de terno que você quer. Referências são bem vindas, mas não espere que ele as siga à risca.

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Na maioria dos casos, você deverá comprar seu próprio tecido para levar à alfaiataria, o que não significa que você não possa pedir ajuda ao alfaiate. Ele indicará o caminho das pedras.

Referência: texto Publicado no Guia VIP de Estilo

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